terça-feira, 13 de maio de 2014

Amor?

Pensar sobre a proposta de Paulo Freire (especialmente os seus elementos de dialogicidade) para o ensino é sempre desafiador. Felizmente, trata-se de um desafio bastante agradável refletir sobre elementos tão importantes como  o amor, a humildade, a esperança, a fé nos homens e o pensar crítico.

Porém, o amor é o mais profundo deles. Não creio que a palavra amor tenha aqui um caráter romântico e idealista. Tão pouco me parece algo relacionado a sentimentos. Parece contraditório? De maneira alguma! Sentimentos, sensações, emoções são extremamente inconstantes, variáveis, mutáveis. O amor necessário ao ensino eficaz não é um sentimento, é uma DECISÃO! Exatamente como o amor ensinado por Cristo nas escrituras. Nada relacionado à religião! Mas é lógico! Diante de afirmações tão categóricas como:

O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.
Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.
Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.


Não há como negar que o texto acima fala de atitudes e não de sentimentos. Até porque é uma ordem e não há como mandar nas emoções, mas podemos escolher como agir! É dessa forma que o amor é um dos pilares da educação. Nós, professores, decidimos nos dedicar a formar outros indivíduos e isso vai muito além da transmissão de conteúdos!

Vale ressaltar que, de maneira alguma, o amor desvaloriza. E de igual forma, não há nada que possua maior valor que ele. Por que este valor não é dado a nossa profissão. Sendo, pelo contrário, o amor usado como deboche para justificar o pouco valor dado à classe pelos governantes? Ora, se pensarmos que categorias precisam fazer greve, exigindo sua valorização, verificaremos que são as que estão mais próximas do povo. Alguém já se perguntou porque políticos não fazem greve ou os embaixadores, ou os desembargadores? Simplesmente porque não precisam. Se o POVO fosse realmente o mais importante em nossa sociedade, a situação seria bem diferente.

Finalizamos com uma das afirmações mais pertinentes de Paulo Freire:

“Devemos compreender de modo dialético a relação entre a educação sistemática e a mudança social, a transformação política da sociedade. Os problemas da escola estão profundamente enraizados nas condições globais da sociedade.”
(Medo e Ousadia, 1987.)

3 comentários:

  1. É interessante que os novos moldes de uma educação mais pensada na autonomia do aluno as vezes acaba deixando o aluno inseguro. Acredito que o aluno buscar o modelo atual com alguns usos da educação tradicional. Talvez o ideal seja encontrar o equilíbrio entre a autonomia e o respeito as normas impostas pela ead.

    Sandra Sousa

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  2. Professora Joana D’arc.
    “Se o POVO fosse realmente o mais importante em nossa sociedade, a situação seria bem diferente.”
    Contraditório?
    Como nós educadores podemos ser felizes se não amamos nosso aluno?
    Como podemos ser felizes se não temos nossa vida em equilíbrio e nos falta amor? Às vezes até amor próprio? Se nos falta espiritualidade?
    Nós homens ou mulheres educadores temos amor cristão pelo aluno? Amor materno pelo aluno?
    “Formar indivíduos”: Nós levamos em conta a bagagem cultural que ele o aluno traz?
    Se ele não demonstrar interesse não aprovo.
    Se ele não postar a atividade na data eu baixo a nota. Por que?
    J Cristofilo

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  3. Joana,

    Destaco algo que achei muito bonito no seu escrito: "O amor necessário ao ensino eficaz não é um sentimento, é uma DECISÃO!". E uma decisão diária!

    Abs,

    Verônica

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