Semeando...
Dizem que a
primeira vez a gente nunca esquece (risos), e foi exatamente assim com a minha estreia
na EAD. Lembro-me que estava bastante empolgado para iniciar os trabalhos, uma
vez que já tinha participado de cursos nessa modalidade e a quantidade de
ferramentas tecnológicas que viabilizam o aprendizado era bastante interessante;
principalmente quando se trata de aprender um segundo idioma. Queria colocar em
prática o que aprendi.
Logo de início fiquei responsável por três grupos.
Duas disciplinas com dois polos aglutinados. As disciplinas começaram no inicio
de março de 2013, se não me engano. De forma assíncrona, dei boas vindas às
turmas com um texto bastante motivacional, apoiado de imagens e esses outros
recursos que temos a mão quando se trata de um ambiente virtual. Até o momento
não deu pra formular nenhuma opinião sobre os alunos, pois não havíamos tido
nenhum contato real. Até então, tudo ok.
Chegou o dia do
primeiro encontro presencial com a primeira turma. Apesar de ter algum tempo de
docência, sempre fico nervoso com o primeiro contato com os alunos. Acredito
que é natural. É uma situação nova, com pessoas que você nunca trabalhou antes.
Tinha preparado uma aula com slides, com material auditivo, etc. Durante a aula
algumas coisas foram aclarando na minha mente e comecei a perceber coisas que
talvez não tivesse atentado antes. A turma não estava tão motivada, apesar do
meu esforço em tirar-lhes o melhor. Na modalidade presencial isso também
acontece, mais o que me preocupou foi a porcentagem com o que isso ocorria,
pois 70% da turma parecia um pouco indiferente ao que estava sendo ensinado.
O encontro terminou e sai da aula um pouco frustrado.
Pensei em que, talvez, tivesse algo a ver com meu desempenho como professor. O
próximo encontro presencial com outra turma tinha chegado. Repensei as
atividades. Melhorei pontos e abordagem que provavelmente mereciam um retoque. Porém,
coincidentemente, a mesma sensação ocorreu novamente. Uma boa parte da turma
desmotivada. Sem saber o real motivo de estar ali. Com a terceira turma foi um
pouco diferente. Um grupo pequeno, com vontade de aprender, porém com
deficiências consideráveis em relação ao nível que estavam no espanhol.
Após os
primeiros encontros com a turma e depois de um tempo, da ausência dos alunos no
Solar, dos trabalhos copiados da internet, etc, estava bastante triste.
Conversei com alguns companheiros que já estavam há mais tempo na EAD, com minha
coordenadora e foi ai que abri os olhos pra realidade e deficiências próprias
da EAD. Até então não tinha tido uma orientação. Ainda não tinha feito o curso
de tutor e entrei de cabeça nessa modalidade sem conhecê-la propriamente, como também,
sem conhecer a realidade dos alunos.
Foi após ouvir a frase de um aluno: “Professor eu tô nisso aqui só por causa do
certificado”, que eu tive que chamar a turma para conversar e dar um choque de
realidade. Mostrar-lhes a importância daquela oportunidade. Fazer-lhes ver que
foram eles que escolheram estarem ali e para não se sentirem frustrados pelas
próprias escolhas, eles precisavam dar o melhor de si. A Universidade oferece
um curso de licenciatura não para dar-lhes um certificado de licenciado, mas
para oferecer o melhor aprendizado possível e fazer deles um profissional preparado,
e eu como facilitador desse aprendizado precisava garantir isso. Tive que usar
algumas palavras duras, mas que no final teve um efeito positivo.
Ainda estou hoje
com duas das três turmas em um processo contínuo. Como profissional, é
gratificante ouvir do coordenador do curso que alunos pediram para te colocarem
na disciplina X. Isso não serve para inflar o meu ego de professor, ao
contrário, motiva-me a querer sempre tirar o melhor dos meus alunos. É inexplicável
olhar para o seus alunos e verem o progresso que tiveram no aprendizado de uma segunda língua. Não por mérito meu, mas por mérito deles.
Minha primeira vez foi difícil, mas acho que eu não
seria um melhor professor hoje se eu não tivesse enfrentado os problemas que eu
tive no início da docência na EAD e na qual acredito fortemente. Independente da modalidade, educar é isso... A gente vai plantando sementes e espera que elas floresçam, e quando florescem é como a alegria de ver a chuva em terras que há muito a esperam. =)
Victor Lima
Bom dia Professor Victor.
ResponderExcluirOcorre que, para nós Professores Tutores tudo parece que está começando.
Tomemos como exemplo as postagens de cada um neste blog. Cada um faria a mesma coisa; mas são ambientes diferentes com pessoas diferentes. Ai está a grandeza da educação principalmente na EaD.
Parabéns pelos efeitos que você postou através das imagens. Muito interessante.
Parabéns também pela sua coragem e dedicação.
Caros colegas Professores o que dizer diante de tal afirmação?:
“Professor eu tô nisso aqui só por causa do certificado”,
Você é uma exemplo de superação.
J Cristofilo
Parabéns Victor pela sua coragem e determinação! É muito bom compartilhar com colegas essas experiências, pois nos encorajam a enfrentar os desafios da educação. Vamos que vamos!
ResponderExcluirJôsanny Lopes
Victor,
ResponderExcluirQue relato rico e sincero. Fiquei muito feliz de poder ter lido sua experiência, pois acredito que de certa forma conseguiu captar um sentimento geral que temos quando vivenciamos o desafio de ser tutor - em especial a primeira vez.
Abs,
Verônica